Praça Tiradentes

A região da Praça Tiradentes foi o local onde os primeiros moradores de Curitiba se estabeleceram

É na Praça Tiradentes o registro oficial/político da fundação da Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais – atual Curitiba, na data de 29 de março de 1693. Antes disso, os primeiros moradores haviam se instalado na região do Atuba (Vilinha ou Vila Velha) até – segundo a Lenda da Santa – a imagem de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais apontar a mudança para a região central do povoado.

A Praça Tiradentes é o trajeto diário de milhares de curitibanos e turistas. A história de Curitiba no local é simbolizada através de dois obeliscos. Um é referente ao aniversário de 250 anos da fundação da Vila de Curitiba – que leva o seguinte texto: “Este marco assinala o chão sagrado em que os pioneiros povoadores dos campos de Curitiba elegeram as primeiras autoridades públicas e fundaram a Vila sob a égide de seu patriarca, o capitão-povoador Matheus Martins Leme”; e o segundo demarca o Marco Zero e as distâncias/direções para outras cidades e Estados.

Praça Tiradentes - Curitiba Space

Curitiba recebeu – no início do século XIX – a presença do botânico francês Auguste de Saint Hilaire. O viajante explorou a região, conheceu lugares e a rotina de habitantes da época, e deixou registrada a experiência. Um dos relatos inclui a futura Praça Tiradentes: “é quadrada, muito grande e coberta por um grande relvado (gramado)”. A descrição remete ao Largo da Matriz (Pátio da Matriz) – local que representava o núcleo central, assim como o pequeno comércio da cidade. O cenário do período contemplava a Igreja Matriz, prédio da Cadeia Municipal, além do primeiro arruamento. No seu entorno, se localizavam a “segunda casa” de nomes pioneiros e tradicionais de Curitiba. Destaque para famílias como Carrasco dos Reis e Leme.

A Praça Tiradentes foi cenário de várias transformações no cenário urbano. Edificações deixaram de lado o estilo colonial e passaram a se adaptar aos poucos a influência de imigrantes. Um dos destaques do século XIX é a construção da Farmácia Stellfeld – a primeira botica de Curitiba, construída por alemães. Diversas posturas e preocupações também se tornaram pautas no local. Limpeza das vias, plantio de árvores; e normas em relação aos animais foram alguns dos temas abordados em âmbito municipal. Em 1887 o destaque ficou por conta da inauguração dos bondes – que continha uma das linhas no Largo da Matriz. As alterações no entorno teriam continuidade com a construção da Catedral Basílica Menor de Curitiba (inaugurada em 1893).

Praça Tiradentes - Curitiba Space

A proclamação da República em 1889 trouxe a denominação atual – Praça Tiradentes. O século XX chegou à região com um novo padrão político/intelectual e tomado por construções que se dividiam entre comércio e moradia. Ciência, higiene e salubridade eram palavras constantes no cotidiano, assim como as preocupações com acúmulo de lixo e esgoto. A aparência ganhou novos ares com a gestão do prefeito Cândido de Abreu (1913-1916). Foram instalados dois repuxos, um coreto e cabos e trilhos para os bondes elétricos.

O progresso se tornou inevitável – principalmente no comércio da Praça Tiradentes. Foi nela que surgiu o primeiro supermercado de Curitiba. “Era o ano de 1947 quando José Luiz Demeterco, inspirado por ideias vindas dos Estados Unidos, sobre uma nova filosofia de vendas de gêneros sem auxílio de balconistas, resolveu derrubar os balcões e as prateleiras e criar gôndolas onde o próprio freguês pudesse se servir. O velho armazém da família, criado em 1918, derivado de uma sociedade entre Pedro Demeterco (pai de José Luiz) e Fortunato Paiva, deu passagem ao primeiro comércio de auto-serviço do Paraná e segundo do Brasil”.

Praca Tiradentes Curitiba Space (6)

Ao longo da história, a Praça Tiradentes foi marcada por momentos políticos, religiosos e comerciais. O local foi destaque nos festejos da volta dos Voluntários da Pátria em 1870, centro de olhares e curiosos ao hospedar – no imóvel de Comendador Antônio Martins Franco – o Imperador D. Pedro II em 1880 (fato que por determinado tempo trouxe a denominação de Largo D. Pedro II ao logradouro), ponto de referência para movimentos operários, entre outros fatos. Um dos mais lembrados é o episódio conhecido como Guerra do Pente – incidente banal que fez de Curitiba um campo de batalha durante quase três dias.

Na oportunidade, o subtenente da Polícia Militar Antônio Haroldo Tavares solicitou a Ahmad Najjar – proprietário do Bazar Centenário – nota fiscal discriminada após a compra de um pente. Há duas versões para a resposta: uma em que o subtenente teria chamado o comerciante de “turco burro” após receber uma nota em que constava apenas o valor da mercadoria; e a outra é que o pedido teria sido negado por Najjar. O fato é que ambos partiram para a luta corporal, inclusive com a presença de centenas de pessoas que estavam na região. Comércios e órgãos públicos foram atingidos, necessitando a intervenção das autoridades policiais e do exército. O conflito cessou apenas na passagem para o terceiro dia de revolta.

Praça Tiradentes - Curitiba Space

A Praça Tiradentes convive – atualmente – com a mistura entre imóveis antigos e prédios modernos. Revitalização recente implantou no local um piso de vidro laminado em que é possível visualizar o antigo calçamento. É um dos mais importantes terminais de ônibus de Curitiba – o ponto inicial da Linha Turismo,e abriga estátuas e monumentos de personalidades (Tiradentes, Marechal Floriano Peixoto e Getúlio Vargas). A Praça Tiradentes fica entre as Ruas Cruz Machado, do Rosário, Cândido Lopes e Barão do Serro Azul, no Centro de Curitiba.

Referências:
BOLETIM INFORMATIVO DA CASA ROMÁRIO MARTINS. Tiradentes. A Praça Verde da Igreja. Curitiba: FCC. 1997. 93p.

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