História de Curitiba

Curitiba foi fundada em 29 de março de 1693

A história de Curitiba é mais antiga que a estipulada oficialmente. Já na metade do século XVI as notícias sobre minas de ouro eram vagas, mas existiam. Os primeiros registros envolvem a presença de Heliodoro Eobanos – ancestral de Ébano Pereira – e a descoberta de pequenas manchas auríferas em Iguape, Paranaguá e no planalto curitibano.

Estátua em homenagem a Ébano Pereira, na Praça Santos Dumont

A presença de Ébano Pereira na região se deu após o mesmo ser designado por seu parente Salvador Correa de Sá e Benevides para averiguar a existência real de ouro nos Campos de Curitiba. Durante as expedições, Ébano Pereira encontrou ouro de lavagem na região. A notícia veio através de uma carta dirigida ao governador Antônio Galvão, em 1651:

“Nos Campos de Curitiba, sertão dessa Baía de Paranaguá, descobriram outros ribeiros de ouro de lavagem, onde já estive e fiz experiência haverá doze anos, vindo em visita destas Capitanias, por ordem do Governador Corrêa de Sá e Benevides, de que lhe levei mostras.”

Segundo Wachowicz (1968) “os faiscadores de ouro, vindos sobretudo do litoral, de Cananeia, Iguape, São Paulo e até Rio de Janeiro, foram organizados e mantidos em ordem por Eleodoro Ébano Pereira, administrador das minas de ouro nos distritos do sul”.

Detalhe que durante o período, o desbravador era a única autoridade representativa do governo instalado no Rio de Janeiro.

A região do bairro Atuba – conhecida como Vilinha ou Vila Velha, de acordo com o francês Augusto de Saint’ Hilaire – foi à escolha dos primeiros habitantes, mas uma mudança até a região que se tornaria a Praça Tiradentes alterou a história do local em que a cidade “nasceu”. Segundo a Lenda da Santa, quem escolheu o destino para a mudança foi a imagem de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.

A lenda também inclui o fato que buscando uma boa amizade com os indígenas, os desbravadores convidaram o cacique da tribo dos Tingüis a indicar o local apropriado de destino. De acordo com Hoerner (2002)“a imagem de ocasião que se tem do fato é a do índio como o personagem que, ao fincar uma vara no chão e pronunciar taki keva: core-etuba! (Aqui, muito porco! – com o sentido de abundância de caça, pois core, ou cure, em guarani, significa porco)”.

Estátua do cacique da tribo dos Tingüis, Parque Tingüi

Com o passar do tempo, outras famílias viriam se instalar na região. Destaque para nomes como Balthazar Carrasco dos Reis e Mateus Martins Leme, que em 1661 já residiam no vale do Rio Barigüi.

Em 1668, o povoador e capitão-mor de Paranaguá Gabriel de Lara – dotado de indiscutível prestígio e autoridade – instituiu o pelourinho na povoação de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, passo importante na história para a fundação da cidade. O isolamento da população em relação ao litoral e a São Paulo não incentivava a constituição de autoridades na região. De acordo com Wachowicz (1968)“Gabriel da Lara já havia falecido, quando os moradores de Curitiba, assustados pela onda de roubos e crimes que aqui passaram a ocorrer, solicitaram essa constituição ao homem mais respeitável da Vila, que era Mateus Martins Leme”.

Estátua em homenagem a Gabriel de Lara, no Batel

Percebendo as necessidades, Mateus Leme reuniu o povo na Capela Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais. Em 29 de março de 1693, foi criada a Câmara Municipal da região, elevando o povoado ao status de Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais– essa é a data política oficial de fundação da cidade. O fato aconteceu 25 após o surgimento do Pelourinho.

O isolamento dos curitibanos era um entrave para o desenvolvimento da cidade. O pouco que se produzia era transportado com dificuldade para outras regiões. O progresso com produção agrícola e pastoril teve início com a abertura da Estrada da Graciosa e o transporte com auxílio de animais.

Em 1721, o nome de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais foi alterado para Vila de Curitiba através da presença do Ouvidor Rafael Pires Pardinho na região. No entanto, segundo Moreira (1972)“o documento mais antigo que encontramos, onde aparece o nome “Curitiba”, foi o auto do exame procedido por Ébano Pereira na mina das pedras, em 1649”.

Homenagem a Ouvidor Pardinho, na praça que leva o seu nome

Dois anos depois – na carta transcrita acima de Ébano Pereira para Antônio Galvão – o termo Campos de Curitiba voltaria a ser utilizado.

O período que Ouvidor Pardinho esteve em Curitiba foi marcado pelas primeiras posturas e preocupações ambientais. Fenianos (2003) diz que “as principais posturas urbanas delimitavam áreas para o corte de árvores; exigiam que nas novas propriedades só fossem construídas casas cobertas com telhas e outras benfeitorias; e proibiam a construção de casas sem autorização da Câmara”.

Destaque também para a exigência que instituía a limpeza anual do Ribeiro (Rio Belém) para evitar o banhado que se formava em frente à Igreja Matriz.

Até o século XVIII, Curitiba era habitada por índios, mamelucos, portugueses e espanhóis. No século seguinte, a cidade grandes transformações com a emancipação política do Paraná (1854) e pelo incentivo do governo brasileiro à colonização por imigrantes do mundo todo. Nessa época, chegaram a Curitiba os alemães, poloneses, italianos e ucranianos, e no século seguinte foi a vez dos japoneses, sírios e libaneses migrarem para a cidade. Esses imigrantes enriqueceram a cultura curitibana, trazendo seus costumes e crenças que, somados aos índios, mamelucos, portugueses e espanhóis que já habitavam a cidade, “formaram” a cultura do povo curitibano. Moradores de estados próximos, como do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul também fizeram parte dessa formação, principalmente por causa do Caminho de Viamão-Sorocaba e pela Rota dos Tropeiros que cruzavam o Estado.

Obra de Poty Lazzarotto com referência aos Tropeiros

Essa miscigenação pode ser compreendida também como um atrativo turístico. Curitiba une culturas do mundo inteiro, principalmente de origem europeia, caracterizadas nos costumes, na arquitetura e na culinária. Árabes, judeus, americanos, suecos, suíços, chineses e ingleses, em menor escala que os outros já citados, foram outras etnias que migraram para Curitiba.

Uma das influências diretas dos imigrantes, segundo a página eletrônica da prefeitura de Curitiba, vem dos alemães, “eles iniciaram o processo de industrialização – metalurgia e gráfica -, incrementaram o comércio, introduziram modificações na arquitetura e disseminaram hábitos alimentares. Difundiram, também, a noção de associativismo”.

Bosque Alemão, uma das homenagens às etnias que formaram a cidade

Hoje, Curitiba que já pode ser considerada umas das principais cidades do país e almeja ainda mais. Várias são as obras de infraestrutura, principalmente ligadas ao planejamento urbano e a preservação ambiental, a cidade tem um dos melhores aeroportos do país, novos shoppings de grande porte estão sendo construídos, o centro histórico está sendo revitalizado e em 2014 a cidade foi uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol, um dos maiores eventos do mundo.

Referências:

FENIANOS, Eduardo Emílio. Manual de Curitiba: A cidade em suas mãos. Curitiba. UniverCidade. 2003. 160p.

FILIPAK, Francisco. Dicionário Sociolinguístico Paranaense. Curitiba. Brasil Diferente. 2002. 392p.

HOERNER Jr, Valério. Ruas e Histórias de Curitiba, 2° edição. Curitiba: Artes & Textos, 2002. 183p.

MOREIRA, Julio Estrella. Eleodoro Ébano Pereira e a Fundação de Curitiba à Luz de Novos Documentos. Curitiba. Imprensa da Universidade Federal do Paraná. 1972. 148p.

WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná, 2° edição. Curitiba. Editora dos Professores. 1968. 185p.

WESTPHALEN, Maria Cecilia. História do Paraná. Curitiba. Grafipar. 277p

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