O Bairro Alto faz divisa com os bairros Atuba, Bacacheri, Jardim Social, Tarumã e Tingüi. Cercado por rios, alguns inclusive que deram origem ao nome de diversas vias, o bairro preserva boa parte de seus bens naturais. Com ruas que intercalam grandes ladeiras com subidas difíceis de serem vencidas, a região pode ser considerada um polo econômico de Curitiba fora do eixo central, com destaque para o comércio e as indústrias.

Os principais destaques do Bairro Alto são o Bosque Irmã Clementina, a Paróquia Maria Mãe da Igreja, a estátua do Cacique Tindiqüera, o Colégio Madalena Sofia, a Praça da Liberdade, a Linha Verde, o Hospital Vita e a Rua Alberico Flores Bueno, principal via dentro do bairro. Além disso, a altura da região possibilita uma visão privilegiada de Curitiba.

História: A região, junto com o bairro Atuba, foi a primeira a receber os desbravadores portugueses, que saíram de Paranaguá em busca de novas minas de ouro. O trajeto usado foi o Caminha de Queretiba e, após a dificultosa de travessia da Serra do Mar, chegaram a região, em meados do século XVII. Alguns documentos registram a passagem do grupo pelo bairro, em uma pequena povoação chamada “Vilinha”. O grupo estabeleceu moradia às margens dos rios Atuba e ou Bacacheri, dividindo território com os índios e o campos de Pinheiro. No final do século, a escassez de ouro obrigou o grupo a se mudar, e a escolha foi a área onde futuramente seria criada a Praça Tiradentes e, consequentemente, Marco Zero de Curitiba.

Com a mudança, a região ficou conhecida como Vila Velha, voltando a ter grande importância histórica na formação de Curitiba somente no século XIX. Nessa época, o Bairro Alto já era um dos 27 quarteirões de Curitiba – equivalente à divisão de bairros. No começo do século XX, o Bairro Alto e o Atuba ainda eram cobertos por regiões de campos, como era na época da chegada os primeiros moradores, três séculos antes.

Em 1930, a população da região começou a crescer, com destaque para a chegada da família de Paulo Friebe. Eles estabeleceram uma das primeiras chácaras no bairro, e, dez anos depois, a região já era ocupada por muitos fazendeiros, onde todos se conheciam. Apesar da grande ocupação territorial, o bairro ainda contava com poucos moradores. Os produtos produzidos pelas chácaras eram comercializados entre os “vizinhos”, ou consumidos pelos próprios produtores. Até a década de 40, a região não dispunha de ruas e outras estruturas básicas. A água, por exemplo, ainda era retirada de poços.

A principal necessidade que tirava os moradores do bairro era o estudo, que só era possível no Centro e no bairro Bacacheri. Para se locomover, o principal meio de transporte era o bondinho, recém instalado em Curitiba.

Até a década de 70, pouca coisa mudou no bairro. Os campos ainda eram predominantes e apenas em alguns pontos a população crescia significativamente. Com o crescimento do número de casas, principalmente de madeira, foram instaladas duas linhas de ônibus que ligavam o Bairro Alto ao Centro, a Higienópolis e Paraíso. Unido ao Atuba, os dois bairros abrigavam apenas 10 mil moradores nessa época.

Na década seguinte, o bairro começou a sofrer modificações significativas, com a abertura de novas vias, o aumento no número de linhas de ônibus e obras importantes de infraestrutura. As casas de madeira foram pouco a pouco dando espaço aos sobrados, e o comércio começava a ficar forte. Com a inauguração do Terminal do Bairro Alto, em 26 de setembro de 1992, e o aumento no número de empresas que se instalaram na região durante a década de 90, o bairro se tornou um polo comercial, frequentado pelos moradores que tem todo tipo de serviço bem próximo a sua casa, evitando a rotina do centro.

Nome: por conta da altura do terreno com relação ao nível do mar, um dos maiores de Curitiba, a região acabou se destacando das demais. Por conta disso, levou o nome de Bairro Alto.

Cacique Tindiqüera: Conta a lenda, que quando os primeiros moradores do bairro decidiram procurar outra região, no século XVII, o Cacique Tindiqüera acompanhou o grupo, levando-os a região da Praça Tiradentes. A chegada ao novo destino marcou a fundação de Curitiba, em 1693. O personagem é homenageado com um estátua, localizada na rua Percy Feliciano de Castilho.

Colégio Madalena Sofia: fundado na década de 50, com o nome de Colégio Sacré-Coeur, a instituição teve importante papel no desenvolvimento da região. Em um terreno de 8 alqueires, o Colégio Madalena Sofia é até hoje referência no ensino, instalado em uma imponente construção, inaugurada em 1959.

A história da instituição começou em 1955, quando o Arcebispo de Curitiba, D. Manuel da Silveira D’Elboux, propôs que a cidade recebesse o Colégio Sacré-Coeur de Jésus. No mês seguinte, Flora Munhoz da Rocha, esposa do então governador Bento Munhoz da Rocha, convidou duas irmãs responsáveis pelo grupo para conhecer a cidade, e analisar a proposta de construir um colégio em Curitiba. Após a doação de um terreno, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado, a famosa instituição poderia se instalar na cidade. As obras começaram em 1957, e o colégio foi instalado temporariamente no bairro Batel. Em 1960, a mudança definitiva, inaugurando o novo edifício do Colégio Sacré-Coeur, no terreno do Bairro Alto – que na época era conhecido como Higienópolis.

Em 1969, a instituição mudou seu nome para Colégio Santa Madalena Sofia, em homenagem à fundadora da instituição.

Bosque Irmã Clementina: inaugurado em 2008, é uma homenagem a freira e pedagoga belga naturalizada brasileira, que faleceu em 2007. Clemence Bertha Van Hombeeck nasceu em 1927 e foi diretora do Colégio Madalena Sofia, localizado ao lado do bosque. O terreno foi cedido pelo próprio colégio, para que a Prefeitura de Curitiba homenageasse a Irmã.

A inauguração do bosque aconteceu nas comemorações do aniversário de 315 anos de Curitiba. Com 19.100 m2, o bosque é formado por um portal construído em concreto e pedra, uma praça central e alguns equipamentos de lazer. O local fica entre as ruas Rio Bacacheri e Paulo Freire.

Capela Maria Mãe da Igreja: Inaugurada em 20 de julho de 2006, mas sua estrutura tem mais de 30 anos. Na década de 70, época em que o bairro ainda tinha poucas ligações com o centro de Curitiba, padres redentoristas, junto às paróquias de Santa Madalena Sofia e Santa Bertila, realizavam algumas missões populares no bairro. Na época, a Paróquia Nossa Senhora de Fátima recebeu a doação de um terreno, que mais tarde seria ocupado pela capela. Antes mesmo de construir algo, o terreno foi doado à Paróquia de Santa Bertila, onde, com a ajuda dos padres redentoristas, foi inaugurada uma capela, em 6 de junho de 1977. Três anos depois, o local passou a ser de responsabilidade da Ordem dos Padres Servos de Maria.

Na década de 90, a Ordem dos Padres Servos de Maria investiu em infraestrutura, construindo o salão paroquial e o centro social. Após um longo processo de aprovações para se tornar uma paróquia, que demorou aproximadamente 10 anos, foi inaugurada a Paróquia Maria Mãe da Igreja.

Paisagens: a altura do bairro possibilita uma privilegiada visão de Curitiba. É possível ver vários pontos da cidade, com destaque para a “linha” de prédios dos bairros Batel e centro.

Informações: o bairro tem pouco mais de 42 mil habitantes em uma área total de 7,02 km². Há no bairro apenas um bosque, o Irmã Clementina; 7 praças, com destaque para a Max Sesselmeier e a Liberdade; 10 jardinetes; 1 largo e 1 Núcleo Ambiental.

Referências:
FENIANOS, Eduardo Emílio. Bairro Alto e Atuba – Sementes de Curitiba. Curitiba. UniveCidade, 1999.